Multiplicidades

E que as palavras jamais se esgotem, para que eu possa te dizer todos os dias de todas as diferentes maneiras que te amo. Por que é impossível contar sentimentos, mas por você eu tento. E tentarei por todos os dias que restam na minha vida, usando as artimanhas da língua portuguesa e de  todas as outras que existirem. E mesmo das que não existirem, pois que as irei inventar só para descobrir uma outra maneira. Porque esse teu amor confunde minha cabeça de um jeito que eu pensava ser impossível. E eu exagero e exagero e exagero mais, parecendo uma daquelas pessoas que acham possível morrer por amor.

  E que você nunca se importe com o meu amor, porque ele não pretende ir embora. E vai ficar, beijando e abraçando e xingando e mordendo e amando, como só o amor pode fazê-lo. E amando esse meu amor vai o teu, numa metalingüística de amor ser capaz de amar.

   E nessa inversão de braços, pernas, corpos, palavras, idéias, você não é mais que um vício de linguagem. O mais difícil de largar. E você nem quer meus sacrifícios lingüísticos, mas é tudo de mais precioso que tenho para oferecer, eu pobre escrava do escrever correto.

  E que você continue a me presentear com esses olhares e sorrisos e piadas bobas. Porque é tudo uma questão de equilíbrio, e sempre vai ser. E você sempre será o silêncio que preenche minhas tagarelices, a segurança que combate esses meus infinitos medos. E eu nem sou uma tal Clarice, nem chego perto do tal Caio Fernando.  Amadora na escrita e no amor, sempre nessa de não saber amar, e ir só tentando.

Mallú Ferreira