13.4.12

Fábulas e seu grande poder...

Uma das coisas que sempre me encantou é o impressionante poder da imaginação. Os limites não existem quando se tem uma mente aberta para imaginar histórias e personagens que parecem até reais. Mundos são criados e destruídos, heróis salvam as donzelas e vilões traçam seus planos maquiavélicos. Tudo isso só é possível graças ao precioso poder da imaginação.

De fato, a imaginação é uma das características que diferenciam humanos das demais raças existentes no planeta. A grande possibilidade de imaginar e criar são particularidades do homem, e o homem consegue utilizar essas duas com grande eficácia. Vemos isso nas várias camadas da sociedade e da ciência, mas na literatura essas características são quase palpáveis.

Talvez foi assim que surgiu as fábulas e o seu infinito universo. Mas o que são fábulas?

Fábulas são histórias criadas para passar algum ensinamento moral. Elas utilizam-se do amplo poder imaginativo para expressar ensinamentos e ideias das mais diversas formas. No universo das fábulas é comum vermos um cachorro falante que adora contar mentiras ou uma cigarra que não gosta de trabalhar. Qualquer coisa ou animal pode ganhar dons que eles não possuem no mundo real para participar das histórias.

Não se sabe exatamente como começou a criação das fábulas. Estima-se que começou no Oriente, o que é bem plausível visto os ensinamentos morais presentes nos mitos orientais. Quem nunca viu um filme onde um oriental passava um ensinamento contando uma história? Contudo um nome se destaca na antiguidade como sendo um dos grandes percursores deste gênero literário: Esopo.

Temos que concordar que qualquer menção histórica a Esopo é bem misteriosa, quase como uma fábula particular. Aristófanes o coloca como um filho de Atenas, enquanto Heródoto diz que ele nasceu na Frígia. Contudo, se formos colocar a sua existência em xeque teremos que rever outros, como o próprio Homero, por exemplo.

Sendo assim, em suas Fábulas, Esopo narra através de animais falantes e outros personagens, alguns preceitos morais, tentando mostrar como nós, humanos, agimos em determinadas circunstâncias. E é isso que resume bem o gênero, no aspecto de que ele passa uma lição àquele que lê, demonstrando o poder da literatura. Este poder é o que me encanta. O poder de entreter uma pessoa, mas também o de ensinar e instruir um homem. E o que começou com Esopo hoje tem proporções globais, seguidas até mesmo por nomes brasileiros, com destaque para o grande Monteiro Lobato.

Não é difícil vermos numa história de fantasia o mesmo princípio de uma fábula, já que quase todas acabam possuindo um ensinamento escondido no cerne da própria história, seguindo a mesma linha de raciocínio de Esopo, porém, ao mesmo tempo, numa história bem mais complexa.

Deixo para vocês duas das fábulas de Esopo para divertir. Mas também, que as fábulas sirvam de lição... rsrsrs

“A Formiga e a Cigarra”

No Inverno tirava a Formiga da sua cova é assoalhar o trigo, que nela tinha, e a Cigarra com as mãos postas lhe pedia que’ repartisse com ela, que morria à fome.
Perguntou-lhe a Formiga: - que fizera no Estio, porque não guardara para se manter? Respondeu a Cigarra: – O Verão e Estio, gastei a cantar e passatempos pelos campos.
A Formiga então, perseverando em recolher seu trigo, lhe disse: – Amiga, pois os seis meses de Verão gastaste em cantar, bailar é comida saborosa e de gosto.

“O Veado e o Caçador” 

Bebendo o Veado em uma ribeira, viu nos seus cornos ramos e as pernas delgadas. Pareceram-lhe as pernas mal, e ficou pesaroso de as ter, e por outra parte tão satisfeito da formosura dos cornos, que se fez soberbo de contente. Ainda bem não saía da água, quando dá sobre ele um Caçador. Foi-lhe forçado valer-se dos pés, que pouco antes desprezara, e eles o punham em salvo. Mas entrando por um arvoredo basto, embaraçavam-se-lhe os cornos com os ramos das árvores, com que se embaraçou e foi tomado. Pelo que dizia, vendo-se preso e ferido: Grande parvo fui; que o que me era bom desestimei, fazendo muito caso do que me causou a morte.

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