Jogos Vorazes, Suzanne Collins

  Até que ponto você iria para lutar pela sua própria sobrevivência? Essa é a essência dos jogos vorazes, um estranho reality show que reune vinte e quatro participantes e o ganhador é o último sobrevivente. Mas não se trata apenas de um jogo cruel de brincar com vidas, apesar de realmente sê-lo. O propósito de tais jogos é punir os  doze distritos, divisões desse mundo pós-apocalíptico no qual a obra se ambienta.

  Os vinte e quatro participantes são nada mais que um casal de cada distrito escolhido por sorteio num evento chamado Colheita. E Katniss Everdeen, habitante do décimo segundo distrito, se vê dentro dessa terrível punição vinda da capital (que controla os distritos e dispõe de melhor estilo de vida. Nada diferente da relação capitalista.) quando sua irmã Prim, de apenas doze anos, é sorteada. Katniss, temendo pela irmãzinha, se voluntaria como tributo (nome atribuído aos jogadores).

  Sagaz, irônica e extremamente crítica acerca do mundo injusto em que vive, Katniss tem então que usar suas habilidades de caçar e correr , e tem de adquirir uma outra: a de convencer. Porque muito mais que um jogo, sua vida é posta em um show, no qual ter a simpatia do público pode lhe conceder minutos a mais de vida. Seu companheiro de distrito, Peeta Mellark, com ajuda do mentor de ambos, Haymitch, cria uma imagem dos dois como casal desafortunado. E isso põe os dois em alta: o público ama (sempre amou e sempre amará, diga-se de passagem) um drama romântico. Mas até que ponto isso é mentira para os dois?

  Suzanne Collins traz muitas críticas transvestidas de ficção. É um livro divertido, que transtorna, adrenaliza, mas que acima de tudo, traz várias reflexões muito conflituosas sobre manipulação, monopolização de poder e insensibilidade com os direitos humanos. Afinal nada melhor do que ter contato com um possível futuro para pensar um pouco no presente.