Luz, câmera, e boa sorte.

O sinal tinha se tornado verde e a enorme fila de carros avançava furiosamente pela avenida no exato instante em que eu havia posto os pés ali. Que sorte a minha. 

Meu celular tocou, confirmando o que eu mais temia. Era ela. Minha chefe. Zoe Delmora. Parecia um problema dos bons. Para Zoe, tudo era um problema.

- Alô, Amelie, está me ouvindo? - disse a voz autoritária.

O sinal abriu. Avancei a avenida com passos vacilantes e o telefone em mãos.

- Sim, Zoe. Posso te ouvir perfeitamente.

- Onde está meu carro? Já o levou para a garagem?

Preciso confessar que estava aliviada. Pelo menos aquilo não era grande coisa.

- Sim, Zoe. - respondi educadamente. Estava pensando na possibilidade de Zoe ter achado que algo correra errado. Ela insistia em confiar cegamente em minha  incompetência, mesmo que eu, na maioria das vezes, prove o contrário. - Correu tudo bem, então, estou a caminho e estarei aí em alguns...
- Não importa. Preciso que use o carro para buscar Damien e deixá-lo em meu apartamento antes de voltar para o escritório. E não se esqueça do meu café. Trate disso imediatamente. Isso é tudo.
Clique. O telefone ficou mudo. Já mencionei, alguma vez, o quão adorável minha chefe pode ser?
Porque diabos eu precisava fazer isso? Zoe com toda certeza tinha um motorista particular. Mas não, era a mim que ela queria. Respirei fundo, e dei meia volta. Nessas horas, o que eu fazia era me lembrar do porque eu precisava estar ali. Absolutamente necessário. Um estágio como assistente de uma das grandes influências das artes cinematográficas era essencial para o que eu queria: me tornar uma cineasta de verdade. Com uma cadeira com meu nome. Era uma chance e tanto. Parecia errado abandonar tudo.
De qualquer modo, comecei a observar o centro comercial a minha volta. Encontrar Damien - o filho da minha adorável chefe, que estaria esperando educadamente (talvez nem tanto assim) na escola - e uma Starbucks não podia ser tão difícil. Só uma questão de não entrar em pânico. Comecei a andar mais rápido - um atraso seria punido severamente - e então, um claque. Meu salto havia quebrado. Genial. Mais um sapato caro sacrificado as cudas da minha completa falta de classe sob pressão. A quem eu estava querendo enganar? Droga, eu estava ferrada.

Peço desculpas pelo tempo fora :´( acho que não vou ser tão relaxada com o blog agora. De verdade, fiquei sem ideias um tempão. Aí, veio esse texto, inspirado um poquinho por O Diabo Veste Prada. Estou pensando em continuar, mesmo que seja uma continuação curtinha. Me desejem um monte de idéias, rs.