"Odiei as palavras e as amei, e espero tê-las usado direito."
A menina que roubava livros - Markus Zusak
Era incrível. Descobri que podia abrir os olhos. A noite entrava em foco. Fazia frio. Eu esperava um tipo diferente de céu ou inferno.
- Alana? - chamou uma voz conhecida. Voz conhecida? Percebi que não estava morta. Tudo doía. Como eu poderia estar morta se eu ainda via os contornos de pedra do pátio da minha escola e cada músculo e mim latejava? Não havia dúvidas, eu estava lá.
Não respondi o chamado de Henri. Levantei-me o mais rápido que meu corpo maltratado permitia. E eu o abraçava. Eu abraçava Henri como nunca tinha feito antes. Inesperada mente, as palavras saíram:
- O Erick... Era como se ele tivesse presas e garras. Ele me perseguia. Eu podia ver as veias dele pulsando. Como você apareceu? Ah, eu senti tanto medo...
Não pude evitar as lágrimas. Elas eram amigas das garotas. Desafogavam todo tipo de emoção. Colocavam os sentimentos no lugar.
- Está tudo bem agora. Pode parecer estranho, mas só digamos que eu apareci na hora certa. Eu serei seu anjo. Eu te protegi hoje e vou te proteger sempre. - nessa hora, ele olhou bem para mim, como costumava fazer sempre. Era seu ato totalmente peculiar - um modo de deixar claro que tudo ia ficar bem. As lágrimas agora eram de gratidão.
- Estou tão cansada...
- Venha, eu te levo para casa.
Sim. Para casa. Eu estaria a salvo - pelo menos no início.
Teria que me lembrar de agradecer a Henri por ajudar a explicar toda a minha situação desastrosa em casa.
Tinha se tornado hábito frequente me sentar no telhado baixo de casa para pensar, mesmo algum tempo depois daquela noite. Erick tinha desaparecido misteriosamente durante nosso catastrófico encontro. Mesmo depois, ele sempre visitava meus sonhos. Era sempre Erick, que virava um demônio de veias azuladas e grossas. Criava garras novamente e presas. Havia um anjo. Ambos brigavam e tudo acabava quando eu acordava assustada.
A pergunta rodava e rodava sussurrada pelos cantos: Onde Erick estava? O que realmente aconteceu com ele naquela noite? Tinha acabado?
Algo me dizia que aquilo era apenas o começo de tudo. Eu estaria preparada.