20.10.12

Amiga,

 
 Sempre vou lembrar daquele quarto. De paredes cor-de-rosa e porta branca. Da cama fofa e das inúmeras fotos espalhadas pela parede. Parecia que elas contavam uma história, a nossa história, que tinha acontecido  em um tempo bem distante. E agora eu fico pensando que o tempo distante foi quando a gente ficava olhando horas e horas para as fotos na parede. E passávamos mais horas e horas só lembrando dos momentos que cada foto retratava.
  Ás vezes dói pensar em quanto tempo passou, e o que passou com esse tempo. A inocência se foi, a vontade de só falar sobre garotos (principalmente sobre o novo gatinho da escola), a liberdade de escolher não pensar em nada. Mas em todas as vezes que essa dor aparece, aparece também a sensação de trabalho feito, de missão cumprida.
  Agora as missões são outras, né? Percebo isso quando você vira para mim preocupada, tentando imaginar se a sua filha namora escondido com o rapaz do colégio dela. Se ela puxar para você, pode se preocupar mesmo, amiga. Digo isso com todo o carinho do mundo. 
  Mas apesar dessa coisa toda ser muito engraçada, também é muito confusa. Pensar que crianças que fomos até um dia desses hoje cuidam de outras crianças. Lembrar que muitos anos já foram, mesmo que nós torçamos mais que tudo para eles não passarem. A gente não tem controle sobre isso. A gente não tem controle sobre muita coisa, mas ter alguém ao lado ajuda a segurar o tranco. Obrigada por estar ao meu lado sempre.

  

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